domingo, 15 de novembro de 2015

Tributo de Guerra

O campo está armado
O tabuleiro está posto
Na mesa das sete labaredas.

Os peões ardem em febre
na vanguarda do batalhão de Guerra.
Estratégias escritas em blocos de notas,
na parede dos banheiros
e em papiros de nuvem e celulose

Os enviados agarram as trombetas
com mãos resolutas de um suor
que emana preparo e aguardo de ordens

Há um juramento que foi firmado,
na pedra mais alta dos montes,
diante à um cálice de sangue
e selado com o beijo do anjo da morte.

Marchemos, marchemos!
até nossos pés sangrarem descalços
sobre a trilha da floresta de fogo.
Quem não foi parido da luz
que não se lance neste jogo!

Ainda há pouco dormiam os sonhadores
do século.
Muitos deles acordaram agora e abriram
as janelas de suas grutas.

Enxergaram fogo, sangue e enxofre
que brotavam da Terra como capim.

Estes pensaram: "Eu tive um sonho...
E agora esse sonho acabou para mim."

Outros desses sonhadores atravessaram

a soleira de suas grutas.
Enxergaram o mesmo dos demais sonhadores.
Porém gritaram:
"Acorde, minha trombeta! Minha arpa e minha lira, acordem! 
O prelúdio do combate já foi iniciado
Daremos início ao Tributo de Guerra"

Os poetas de batalha foram chamados
Havia uma mesa para cada um deles
em um salão enorme feito de ouro.
Não havia tinta para versos. Não
havia leitores.

Mas havia sangue de tinta

E assim se iniciou o Tributo
cujo conflito ainda se estende.
Pois se preservam em linhas infinitas
nas testemunhas da vanguarda da cura
onde ainda há muito à ser feito

Onde ainda há... muito à ser... feito.

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