terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Metrô City Blood


Leonardo Dillen adorava as imagens que seus pais lhe mostravam do metrô de Tóquio, dos letreiros luminosos da Times Square e da caipirinha transbordante das taças de cristal de Rota 66 (famoso bar de botequeiros natos que para lá se dirigiam em busca de novos sabores em seu cotidiano amargo). Não era amante de bebidas alcoolicas, entretanto. Tinha apenas nove anos. Gostava, na verdade, da natureza nua das ruas. E, na maioria  do tempo, podia apenas sonhar com ela. Desejava, é obvio, não sentir-se atado como um condenado na cela mobíliada da seu quarto de papel de parede azul- claro e onde permanecia por vários anos de solidão intensa devido à graves motivos de saúde. Leonardo era portador de uma leocemia já pouco avançada e que deixava seus ossos em estado de penosa fragilidade. O anos que passou no hospital publico, sobre um colchão mofado de uma cama triste, Leonardo nunca tirou das lembranças, pois as memorias mais tristes são sempre as mais fortes. E, durante esse período, Leo não precisou afastar-se de nenhum amigo. Nunca possuiu nenhum. A doença o isolava dos outros como a lepra também o faz com o pobre coitado que foi por ela tomado. Assim, sua solidão passou a ser seu companheiro fiel e os sonhos tornaram-se seus remédios diários para o vazio de seu mundo e de sua esperança falida.       


O tempo não contribuía em nada para que seu corpo ganhasse, ao menos, um novo impulso saudável. Quase não conseguia manter-se sobre os próprios pés de pele macia, necessitando de duas muletas para auxiliar lhe na difícil tarefa de efetuar passos quaisquer. A cada metro à frente que suas pernas avançavam, para ele, se conjeturava um milagre e, às possibilidade de conhecer sozinho as vielas de seu bairro, dava por  expectativas vagas e remotas.         


Um dia, que surgiu em seu animo como o mais sublime de todos, convidaram o garoto à passar as férias numa cidade vizinha que seu tio habitava. Não podia ninguém, todavia, acompanha-lo na viagem. Leonardo iria sozinho... e estava totalmente feliz por isso. Iria, pela primeira vez, desenvolver em si a iniciação alegre de caminhante independente. Se encontrava com ânsias de explorar, finalmente, o ar livre das ruas e ruelas urbanas sem a vigilância incomoda de algum parente ou “protetor”. A preocupação, entretanto, tomou a consciência dos pais de maneira intensa e até agonizante. “Não sei se devemos. É perigoso”, disse o pai de rosto pálido e coração aflito. A mãe, alma de libertina, disse: “Por que não? O garoto deve sair. Conheço vários com seu mesmo problema e que caminham livremente por essas bandas e até além. Acho que não devemos deixar nossas rédeas sufocarem o garoto.” Tais palavras se estenderam pela teia das horas e entraram na escuridão da noite. Passou-se os minutos, mas a inquietação de Leonardo permaneceu de guarda em sua alma tão jovem. E, sentado soturno ao sofá, vendo as muletas no canto da casa, questionou em qual versão de seus dias a felicidade poderia estar. Seriam as muletas as testemunhas eternas e únicas de seu sofrimento intimo?  Ouvia, o garoto, as vozes do asfalto e do chão de terra badita do mundo lá fora que pareciam dizer: “Venha. Somos seus servos, amigos e além. Venha. Um mundo real e fascinante espera você aqui”. 


Temeu ouvir a melodia amaga da negação dos pais virem-lhe até os ouvidos, estraçalhando-se toda a esperança clara de alegria que ainda lhe poderia germinar. Ao ver os progenitores lhe aproximarem o semblante de incerteza e temor, contemplou seus rostos entreolharem-se angustiados e vagarosos e, então, ouviu um “sim” frágil partir dos lábios paternos e prosseguindo: “Mas tenha cuidado. Ligaremos constantemente ao seu tio, perguntando por você.”. O interior de Leo foi tomado pelo banho do aviltado jardim das delicias e, em seu espirito moço, viu nascer, ineditamente, o luz clara duma arvore feérica. Não livrou-se totalmente da dor de estima por possuir um corpo tão debilitado, mas, naquele instante, sentiu-se como se a carne que lhe cobria os ossos já não possuíssem importância alguma diante dos fatos. Leo viajaria sozinho e conheceria o mundo com quem tanto tomou vãos devaneios.      



Dentro de dois dias, se encaminharam os pais do garoto (e o garoto) à velha estação de metro da cidade. Com passageiros diversos, de tão variados destinos, Leo se surpreendeu com a estrutura daquele estabelecimento metálico que, até então, havia só conhecido por meio de fotografias velhas. Surpreendeu-se com os guichês envidraçados, com o olhar sério dos seguranças e orientadores de embarque, e com o grande volume de malas das pessoas que entravam naquelas enormes serpentes de ferro. Deparou-se com a correria, ás vezes histéricas, dos indivíduos que carregavam nas costas as coisas que havia escolhido para partir. Leo possuía apenas uma mala de vermelho negro que guardava as poucas coisas que sempre lhe pertenceram na vida: roupas leves para o clima da cidade, livros de bolso com ótimas prosas e versos, escova de dente, roupas íntimas e todos os acessórios da qual um garoto da sua idade usufruía. E até alguns desejos que guardava consigo foram acrescentados à novas ânsias que a emergência da viajem lhe veio acrescentar. Lágrimas secretas se expurgaram dos olhos brilhantes de sua mãe e, quando o metrô de Leo irrompeu na estação, ela, como que por impulso automático, correu ao seu único filho e enlaçou aqueles braços maternos naquele corpo pequeno. O menino se viu sufocado naquela maré de suspiros e murmurações trêmulas, mas, considerando a realidade humana, os pais são elementos únicos do universo. O pai, por sua vez, ofereceu um abraço mais modesto, mas não menos melancólico (e saudosista). Disse um leve “te amo muito” e, naquelas palavras, Leo não pode evitar beber da fonte de uma sabedoria interna e, portanto, nem muitas vezes visível aos medíocres. Percebeu, que muitas vezes, o amor paterno é o verdadeiro amor sincero, embora conspurcado pelos estereótipos sociais, e que o amor materno, muitas vezes, é um teatro instantâneo, já pronto, com o qual os filhos se iludem, devido à grande hipocrisia que ai se inculta por convenção das dissimulações sociais. Saber que permaneceria longos dias sem a presença daquele casal que aprendeu a amar (e, não raras vezes, a nutrir ódio) lhe alimentou uma certa semente de tristeza. Mas, para descobrir novos universos, muitas vezes, precisamos nos perder para além das estradas do convencional. E Leo tinha completo conhecimento disso.            

Deu o menino o último adeus aos pais e adentrou, zeloso com suas muletas, naquela cobra de metal reluzente junto com uma massa de pessoas que, opostamente à ele, não estavam nada contentes. E, ao partir, o metrô não permitiu que o menino visse mais ninguém lá fora, exceto as paredes escuras de um túnel macabro e os corpos grandes das pessoas do interior do transporte. O veículo estava lotado e, de pé, o menino não conseguia ter força suficiente em suas mãozinhas para segurar as barras de apoio, juntamente com suas muletas. Assim, observando a enorme dificuldade do garoto, um homem negro levantou-se de seu acento e o ofereceu ao petiz. Leo obviamente aceitou e, com um sorriso infantil, que sempre encantava à todos com aqueles pequenos dentes de leite, agradeceu ao homem. O negro retornou o sorriso ao jovem, aparentando um admiração profunda pelo menino. Já sentado, Leo começou a esfregar as mãos para lhe amenizar o grande frio que se instalava ali. ”E ainda nem choveu”, pensava ele com todos. Tentou esquentar as bochechas com as palmas das mãos e, nesse instante, fortuitamente, notou que dois homens fortes, grandes e barbudos, sentados num canto, o observavam com atenção. Os homens conversavam de esguelha entre si, enquanto lançavam olhares constantes ao garoto. Leonardo, obviamente, sentiu grande desconforto. Nunca se sentira assim. E descobriu ele que não gostava de ser observado muito diretamente por estranhos, como um quadro exposto numa galeria que servia para embelezar os olhos dos passantes. Leonardo desviou o olhar dos homens, mirando-se na janela do metrô que, naquele momento, já havia saído do túnel para ceder imagens de uma cidade de grandes prédios, arranha-céus e estradas. Contemplou com encanto as nuvens de cores fortes que a aurora fazia no céu. Leonardo já havia visto esta mesma imagem da janela de sua casa e do leito do hospital onde ficara internado por anos. Mas nunca havia presenciado a beleza daquela aquarela natural da janela de uma grande locomotiva. Lhe era um encanto totalmente novo, pois a beleza de um cenário sempre pode ser renovada pela perspectiva do observador. Permaneceu embelezado, por muitíssimos segundos, com a primeira imagem do seu “novo mundo real”, pensando: “Papai e mamãe são grandes sortudos por poderem ter isso todos os dias.”. E pensou que era maravilhoso poder viajar com um cenário assim, apesar das grandes dificuldades enfrentadas dentro do metrô.     


Porém, ao retornar os olhos para dentro da locomotiva, notou que os dois homens, que tanto haviam lhe incomodado, ainda permaneciam a lhe observar incisivamente. Leo, neste instante, sentiu um incomodo ainda mais forte lhe acometer, como se uma agulha ácida lhe atravessasse a pele. Virou todo o tronco em direção à janela, desta vez abraçando as muletas, e, mirando o olhar nas paisagens (que agora pouco lhe aliviavam) perguntou-se porque tais indivíduos o fitavam muito impertinentemente. Começou a torcer para que a viagem fosse concluída o mais rápido possível para que pudesse encontrar com o tio, que estaria aguardando pessoalmente sua chegada.           

O metrô chegou a outra estação por volta das nove e meia da noite. Leonardo, por sua condição de debilitação física, aguardou a saída de todos os passageiros para, só após, deixar o veículo andando zelosamente com suas muletas fieis. Pegou sua mala com o guarda-bagagens e, assim que o comboio partiu com uma nova leva de passageiros, o menino notou que não havia quase ninguém na estação. E, olhando em volta, notou com tristeza que seu tio ainda não havia chegado. Altamente cansado, o garoto sentou-se pesarosamente num banco que ali havia, pousando as maletas num canto e começou a aguardar. Na tranquilidade da noite, deixou o olhar pousar nos trilhos cobertos pelas sobras e ferrugem, observando uma ordinária embalagem de doces se arrastar pela plataforma. Espantou com as mãos algumas moscas que estavam voando sobre sua cabeça e, ao sentir o impacto de uma forte corrente de ar gélida, enfiou as mãos pra debaixo da jaqueta e começou a esfregar o próprio dorso com aquelas palmas semifrias. Olhou para o céu e ao notar que era noite fechada, não duvidou de que iria chover. Repentinamente, naquela tranquilidade, naquele silencio, suas pálpebras começaram a se tornar pesadas e um véu de sonolência começou a envolver-lhe fortemente. Como se uma bigorna estivesse sendo enterrada em seu crânio, sua cabeça começou pender, de forma que seu queixo aproximava-se do peito. Sentiu como se uma toalha invisível envolvesse o ruídos externos de forma que, de olhos já fechados, uma enorme som abafado surgia dentro de sua cabeça. Já não vendo nada, só escuridão, o menino estava indo lentamente entregar-se aos braços de Morfeu.      

Neste instante, sentiu uma mão grossa afagar-lhe os ombros, dizendo-lhe:   


//Cuidado, garoto. Uma estação não é um bom lugar para dormir.    



Despertando espantado, Leonardo pensou que pudesse se tratar do vigilante da estação. Porém, sua surpresa foi muito maior. Ao virar-se, percebeu que tratava-se de um dos homens grandes (alto e forte) que o haviam observado no interior do metrô. Ao deparar-se com aquele rosto barbudo, Leo sentiu como se um enorme bloco de gelo houvesse sido arremessado em seu coração e destruído uma de suas espinhas. E seu temor elevou-se ainda mais quando o homem pediu:      

//Posso sentar ao seu lado?         


A palidez dominou o menino. Sentia que uma forte paralisia havia pousado em suas mãos e que a dormência havia envolvido suas pernas. Um forte formigamento lhe tomou a nuca e, antes que o menino pudesse ao menos mover os lábios, o homem sentou ao seu lado com um enorme sorriso ao rosto. O individuo virou-se para o menino (gesto que fez o petiz gelar os ossos), apoiando o cotovelo no encosto do banco e a bochecha nas mãos, enquanto observava Leonardo com peculiar atenção.  Leo nada compreendia daquilo, mas o medo nele era, sem duvida, totalmente compreensivo. O menino fitou o chão, não ousando desferir qualquer palavra ao estranho, enquanto sentia um novo formigamento surgir nas bochechas. Com um voz de encantamento e até mesmo ternura, o homem disse:        

 //Você é muito bonito, sabia?         

Oh, Deus! O que ele quer comigo? Por que ele me disse isso?”, pensou com a sua parte de sua consciência que ainda tinha coragem. O homem, então, prosseguiu dizendo:            


//Alguém já lhe disse alguma vez que você é bonito?     



Leo sentiu um grande asco ou repulsa crescer em seu interior, não sabia extamente o que era, mas tratava-se de algo  que lhe preenchia de grande incomodo. O petiz assim, pegou suas muletas, ergueu-se de chofre, sem responder à pergunta, e, carregando sua mala, começou a caminhar para a saída da estação. Deparou-se, então, repentinamente, com um segundo homem alto, forte e de olhar penetrante. Era o segundo homem que havia importunado a viagem de Leo com olhares incômodos e até inconvenientes. Agora, o outro estranho encarava o menino com um semblante de esfinge e um sorriso assombroso que arrancou profundos suspiros do petiz. 


Aproximando-se dele à passos lentos, o indivíduo balançou a cabeça em sinal em sinal de não, com uma expressão provocadora no rosto e disse: 

 //Seus pais nunca lhe disseram que não é educado deixar as pessoas falando sozinhas? 



E neste instante, por um impulso completamente advindo de seu instinto infantil, o garoto sentiu sua repulsa preencher ao máximo seu interior tão pequeno. E, forçando reunir forças em suas pernas e braços nas muletas, tentou correr rapidamente para fora dali. Neste interim, deixou sua mala cair no chão da fria plataforma e as fortes mãos musculosas dos homens envolveram- lhe as axilas. Também sentiu uma outra mão quente e suada cobrirem-lhe os lábios, de modo que, sentindo um forte ardor e amargor na boca, o garoto não pôde exprimir sequer  um som. Moveu-se bruscamente de um lado à outro, na tentativa de livrar-se das amarras humanas, enquanto um suor frio lhe descia a tez  e sua mente questionava: “Oh, Deus! O que eles querem comigo?!”. Sentiu ambas as muletas lhe saírem dos braços e seu pequeno corpo infantil ser arrastado pela dupla de fortes músculos até um canto sombrio e fechado da estação. Observando o forro sujo, as paredes pichadas e um amplo espelho embaçado, Leo reconheceu o banheiro masculino.  


Suas costas frágeis foram jogadas contra o chão do recinto e, com bastante furor e respirações rápidas, os homens despiram as roupas de todos ali. Com as camisas e calças jogadas longe, o menino sentiu uma enorme sensação de frio gelar-lhe a pele em contato com o chão e, devido ao enorme cansaço que ainda lhe dominava, não possuía forças para sequer mexer os braços. E foi ali, naquele cenário de asco e náusea, com odor de suor masculino e ralo fétido, que os dois homens pousaram no corpo de Leo o instrumento de seus mais profundos tormentos. O suor se juntou a sêmen, ardor se juntou à fúria, e o menino se juntou forçosamente ao véu do pecado. Deitado ali, com enorme dor nos ossos, sentiu a face formigar como que atingido por saúvas e, neste instante, lhe doeu o peito, como se seu tórax fosse puro chumbo. Não conseguia mais sequer mexer as pernas. A dor se transmutou em paralisia. Sua voz sumiu em sua garganta e lágrimas quentes lhe romperam dos olhos. O ardil no peito tornou-se mais denso e seu sofrimento alagou em seu coração. Sentiu um líquido espesso lhe vazar entre as pernas. Era um líquido escuro, vermelho e soube imediatamente que era seu. 

Neste instante, então, os homens se levantaram, juntaram suas devidas roupas do chão e as vestiram rapidamente. E um deles, antes de ir embora,  beijou as faces molhadas de Leo (que, de olhos fechados, tentava sufocar as lágrimas e a repulsa) e sussurrou:

//Desculpa, garoto. Não queríamos nada de mal à você. Sinto muito. 

E assim eles deixaram o recinto, de modo que o som de seus passos foram se arrefecendo até sumir. O garoto, por sua vez, permaneceu com fortes dores no corpo e na sua doce alma juvenil que, agora, era puro fel. Não sabia ele se devia abraçar tomar os arrependimentos pela viajem que o levara até ali. Não ousou questionar-se da validez de sua ânsia juvenil. Mas penas rezava (ou orava) para que fosse encontrado. E foi. Um segurança estagiário de trinta anos se horrorizou com seu estado corporal e espiritual. Logo após, Leonardo enfim se encontrou com seu velho e preocupado tio, mas só após relatar todos os detalhes do caso na delegacia próxima dali.   

Nos dias que se seguiram ao fato, o jovem soturno manteve seu cordão de isolamento mais intenso que nunca. O tio esforçou para, durante a estadia do sobrinho, encher-lhe o máximo possível de felicidade e alegria. Não tiveram, tais esforços, efeito algum. O menino não queria mais sair para parte alguma. O quarto do tio passou a ser o novo refugio daquele petiz ultra melancólico e as muletas de metal enferrujado, que auxiliavam as pernas doloridas do garoto, passaram a ser o mais querido (e talvez o único) amigo a quem Leonardo passava horas inteiras em companhia, abraçado à eles. Seu emagrecimento notório tornou-se preocupação enorme para o irmão do pai daquele  pequeno ser. Da mesma forma, os pais de Leo descumpriram o acordo forjado com o filho, de entrarem constantemente em contato com o ele. À essa falta, os progenitores lançaram o argumento de “esquecimento por força maior”, em decorrência de motivos inesperados e que requeriam imediata atenção. Telefonaram só muito tempo depois, para receberem a notícia, por meio do melancólico tio, que o garoto foi encontrado sem vida no quarto de hóspedes, de bruços no chão, com sangue escorrendo entre as pernas e uma mensagem vermelha que escrevera nas paredes do quarto por meio das unhas:  

Tinham razão, fotografias vãs. O mundo é um lugar incrível. Agora sei disso, pela maneira esplêndida pela qual as pessoas amam umas às outras. Deus abençoe esta terra.” 


(Crédito da imagem: Henrique Luiz)

Nenhum comentário:

Postar um comentário